domingo

Dependência química: Uso de drogas, como a Psicologia pode ajudar.

Conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de tomar a droga; à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um estado de abstinência física.  

A síndrome de dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou o diazepam), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes. CID-10

Etiologia:

·  Transtorno anti-social da personalidade é maior entre os dependentes de álcool e drogas ilícitas (Vaillant, 1983)

·   Transtorno de humor e ansiedade é maior entre os dependentes de substâncias.

·  Depressão e ansiedade, em muitos a dependência se instala como forma de “automedicação”. Os transtornos ansiosos: pânico, agorafobia e fobia social. Parece predispor mais a  dependência. A história pessoal de hiperatividade e déficit de atenção parece também predispor.

·   As primeiras experiências envolvem: cigarros, álcool, hidrocarbonetos voláteis, maconha. Segue-se um período de experimentação, uso regular e episódios de intoxicação franca.

·   Instalada a dependência, os interesses voltam-se para a droga, quebram-se relações, interesses abandonados e responsabilidades postergadas. Surgem dificuldades escolares, em família, trabalho.

O que fazer?

A Terapia Cognitiva-Comportamental mostra-se o recurso adequado no tratamento da dependência química associado a equipe multidisciplinar.

1. Treinar Assertividade: aprender a posicionar-se, colocar seus limites, ser afirmativo. Assertividade não significa agressividade ou autoanulação.

2. Treino de Habilidades Sociais: Aprender a lidar com desafios pessoais e profissionais e inserir-se socialmente.

3.  Rever falsas crenças sobre drogas e seus prejuízos. Obter informações confiáveis.

4.  Motivar-se para buscar ajuda .

5.  Pequenas quebras de abstinência não deve adquirir caráter catastrófico, durante o tratamento. Pesquisas apontam a existência de recaídas durante o tratamento.

6.  Acompanhamento Médico.

7. Identificação dos Incidentes Críticos que produzem a quebra de abstinência.(Situações que desencadeiam o uso).

8-  Compreender o significado do consumo de droga no contexto de vida da pessoa.


9.  Internação em casos acentuados de dependência.

Sexualidade infantil

O tema da Educação Sexual muitas vezes pode ser interpretado de forma reducionista, com uma carga sexual-genital onde os agentes educativos tendem a sentir algum embaraço e insegurança na abordagem. Na maioria dos casos, a inexistência de modelos na sua própria infância torna esta tarefa parental nova e, deste modo, sentem-se como menos preparados para realizá-la.

Para tal há que considerar o que é a Educação Sexual. Esta é realizada mesmo quando julgamos que não o fazemos. Ela está ligada à vida: aos momentos que partilhamos, ao mudar as fraldas, os afetos, as carícias, comentários a um programa de televisão, o momento de dar banho, os exemplos que damos etc.
Desta forma, é importante que tenhamos em conta que estamos moldando as nossas crianças ao transmitir-lhes valores, mesmo quando pensamos que não.

Grande parte dos problemas ligados à vivência da sexualidade têm origem na falta de informação e na ansiedade daí gerada. Da mesma forma, a ignorância sobre estes assuntos poderá resultar numa baixa autoestima, promover um desenvolvimento não harmonioso, desencadear situações de culpa ou de medo. Mesmo atualmente, numa sociedade caracterizada pela facilidade em adquirir informação, a importância da família é sempre distinta, dada a tonalidade emocional e afetiva implícita.

Daí a importância de promover uma educação nesse sentido e contribuir para a formação de crianças, jovens e futuros adultos com mais capacidade de se sentirem bem consigo próprios, de amar, de se realizarem sexualmente, de se sentirem felizes.

A idade dos "porquês" e a Curiosidade pelo corpo

O desenvolvimento da linguagem e a sua manipulação, vai permitir explorar o mundo à sua volta. Neste período surge, por volta dos três anos, a fase do "Porquê?". Nesta etapa de vida da criança, a temática sexual é quase obrigatória. Temas como as diferenças anatómicas, de roupa, de jogos, a sua origem (a célebre pergunta: "de onde vêm os bebés?"), são motivos que causam enorme interesse e curiosidade na criança.

Paralelamente às dúvidas e curiosidades que coloca através da linguagem, a criança explorará o seu corpo, tentando conhecer e promover as sensações que produz. É a fase do reconhecimento do seu sexo, do toque e da observação. É frequente mostrar os seus órgãos sexuais, bem como compará-los com os das outras crianças para melhor se reconhecer nesse confronto com o outro.

Para os pais, o fato de uma criança explorar o seu corpo na procura de o conhecer e de sentir prazer, é uma atividade que frequentemente causa apreensão. Porém, estes comportamentos são naturais, fazem parte do desenvolvimento, e é com essa mesma naturalidade que deverão ser encarados. É possível orientar a criança, sem a culpabilizar pelo fato de ter essas manifestações na intimidade.

É importante os pais reviverem narrativamente e entre si a sua própria infância e adolescência: o modo como foram sentidas as questões, dúvidas associadas à sexualidade, o meio pelo qual chegaram à informação e, a percepção e sentimentos agregados a estas informações recolhidas. Este diálogo do recordar permite ensaiar e debater, de forma antecipada e estruturada, questões relativas à educação dos filhos do casal.

Durante a infância, as crianças questionam-se sobre os mais variados temas. Estas perguntas devem ser atendidas à medida que vão surgindo, permitindo a assimilação e estruturação das suas respostas, daí que devem ser adaptadas ao nível etário da criança. De igual modo, também em outras áreas, convém aproveitar as oportunidades que vão surgindo no cotidiano para debater estas questões.

Na abordagem do tema da sexualidade, é conveniente associá-lo ao amor, à ternura, e ao bem-estar, para que as crianças compreendam que, enquanto forem crianças, não poderão ter relações sexuais, pois o corpo não está suficientemente amadurecido. Como outras coisas na vida, elas acontecerão mais tarde.

Aconselhamento Parental

Os filhos não trazem "manual de instruções" quando nascem que permita aos pais definirem previamente a melhor forma de os educar. Trata-se de um processo de constantes adaptações e desafios que implica uma contínua aprendizagem. Cada filho é um ser único, com a sua própria personalidade. 

Ao longo do desenvolvimento, as crianças e os jovens vão passando por fases que pressupõem a aquisição de determinadas competências e limitações.  Importa que os pais estejam conscientes destas mudanças para poderem educar os seus filhos com tranquilidade mas também com persistência. 

Alguns pais consideram-se pouco capazes de impor regras, e explicam os comportamentos dos filhos à luz de “ele já nasceu com muita personalidade” ou “é teimoso como o avô”, encolhendo os ombros numa atitude de passividade, mostrando aos outros que não há nada a fazer em relação a isso. Outros relativizam certos comportamentos, tendo a ideia de que com a idade tudo irá passar e que o problema se resolverá por si ! 

No entanto, não nos podemos esquecer que os próprios pais, durante esse longo período de educação, estão igualmente aprendendo a ser pais e, isso simultaneamente com os seus próprios desafios pessoais, profissionais e financeiros.

A gestão de todos estes processos 
pode levar à necessidade de procura de aconselhamento profissional quanto a possíveis dúvidas ou mesmo dificuldades quanto a diversas questões que surjam na dinâmica familiar e nos comportamentos dos filhos. 

quinta-feira

Psicologia no processo de luto.


Todas as pessoas que sofrem algum tipo de perda ou que têm a possibilidade de vir a sofrer (morte de ente querido, diagnóstico de doença, falência, traição, punição criminal, etc.) passam por um processo de luto, para poder elaborar e lidar com essa situação.

Cada indivíduo é único e vai ter suas próprias peculiaridades emocionais no processo de luto, mas de uma forma geral, as pessoas passam por cinco fases nesse período: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e finalmente, a aceitação ou a conciliação. Segundo Kluber-Ross, autora de vários livros sobre o tema, esses estágios não são necessariamente subsequentes e podem ser vividos ao mesmo tempo.

As pessoas que precisam de apoio psicológico para elaborar seus lutos comumente estão presas nas primeiras fases.

O Psicólogo é o profissional que vai auxiliar na passagem  adequada  por todas as fases do luto, utilizando uma linguagem e abordagem específica para crianças, adolescentes ou adultos. Um bom profissional ajudará o enlutado a ter senso de confiança e energia renovada, ajudará a desenvolver habilidade para que a dor sentida deixe de ser onipresente e aguda e a capacidade de se tornar envolvido com a vida seja resgatada.

quarta-feira

Pensamento suicida, vivendo no limite.


“Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel.”

 “Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego, e que não consigo mais suportar…”

 “Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim…”

 “Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer…”

Para algumas pessoas, em determinados momentos da vida, pensar na morte como uma saída para uma situação de sofrimento intolerável, talvez pareça a única solução possível.

Se para si, a dor emocional que sente é de tal forma elevada, que a possibilidade de suicídio é uma opção viável, ou se de outra forma, receia que alguém que lhe é importante esteja  correndo esse risco, reflita apenas mais um pouco com as  próximas linhas e permita que esta informação possa ajudar a compreender que uma ajuda especializada pode ser transformadora.

Em termos gerais, por um lado, o suicídio veicula o desejo de uma pessoa em escapar ou terminar com o seu sofrimento (que é resultante de variadíssimos problemas) e, por outro lado, o seu desejo em comunicar o seu sofrimento aos outros – é um pedido de ajuda. 

Além disso, cada pessoa têm os seus próprios motivos, muito particulares, profundos e extremamente dolorosos que a levam a ponderar desistir de viver. Uma mudança repentina nas suas circunstâncias de vida, tais como dificuldades financeiras, desemprego ou perda de status socioeconômico, mudanças no contexto familiar ou relacional (divórcio, fim de uma relação, morte de um familiar…) ou ainda a sensação de isolamento, solidão e a ausência de horizontes ou projetos futuros podem constituir fatores relevantes.

Não esqueçamos também a companhia indesejável de certas perturbações do humor (depressão, perturbação bipolar, esquizofrenia), que podem contribuir para um estado de maior desorganização e desconforto emocional. Sabia que mais de metade das pessoas que se suicidaram, estavam deprimidas?

O fato é que, certamente,  a maioria das pessoas que pensam, tentam ou cometem o suicídio, escolheriam outra forma de solucionar os seus problemas, se não se encontrassem numa tal angústia que as incapacita de avaliar as suas opções objetivamente. 

Fatores que aumentam a probabilidade de suicídio
-Modelos de suicídio: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pelos mídia;
-História de suicídio, violência ou de perturbação de humor na família.
-Tentativas prévias de suicídio;
-Ameaça ou ideação suicida com plano pormenorizado elaborado;
-Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou substâncias perigosas;
-Presença de depressão, esquizofrenia, alcoolismo, toxicodependência e perturbações de personalidade;
-Presença de perturbações alimentares;
-Presença de doenças de prognóstico reservado (HIV, cancro etc.);
-Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não;
-Desemprego ou dificuldades econômicas que alteram o status familiar;
-Problemas no trabalho;
-Morte de entes queridos;
-Família atual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez.
-Falta de apoio familiar e/ou social;
-Ausência de projetos de vida;
-Desesperança contínua e acentuada;
-Culpabilidade elevada por atos praticados ou experiências passadas;
-Mudança de residência;
-Ter sido alvo de abuso sexual ou psicológico;
-Experiência de humilhação social recente

Sinais de alerta
A maioria das pessoas que se suicidam, dão pistas e sinais de aviso, mas os outros que as rodeiam não estão conscientes do seu significado nem sabem como responder. Eis alguns exemplos de sinais de alerta, cuja detecção antecipada e intervenção eficaz poderá salvar vidas:
-Tornar-se uma pessoa depressiva, melancólica (apresenta uma grande tristeza, desesperança e pessimismo, chora sistematicamente);
-Falar muito acerca da morte, suicídio ou de que não há razões para viver, utilizando expressões verbais tais como “Não aguento mais”, “Já nada importa”, ou “Estou a pensar acabar com tudo”;
-Preparativos para a morte: pôr os assuntos em ordem, desfazer-se/oferecer objetos ou bens pessoais valiosos, fazer despedidas ou dizer adeus como se não voltasse a ser visto;
-Demonstrar uma mudança acentuada de comportamento, atitudes e aparência;
-Ter comportamentos de risco, marcada impulsividade e agressividade;
-Aumento do consumo de álcool, droga ou fármacos;
-Afastamento ou isolamento social;
-Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente;
Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite;
-Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo;
-Insucesso escolar (por exemplo, quando antes era aluno interessado);
-Auto-mutilação.

Note, contudo, que a lista fornecida apenas fornece alguns exemplos de sinais que podem indiciar a presença de ideação ou tentativa de suicídio. Naturalmente, quanto maior o número de sinais presentes, maior o risco de suicídio, e paralelamente, maior a urgência em procurar ajuda quanto antes.

Como intervir?
Se você veio até esta página pode está colocando o suicídio como uma opção, queremos que saiba que não está sozinho. A sua vida é importante e podemos ajudá-lo. Por vezes, não falar dos problemas faz com que eles cresçam dentro de nós e conversar com alguém especializado faz com que eles diminuam de tamanho e facilita o encontro de soluções alternativas.
O acompanhamento individual é a melhor forma de criarmos um espaço em que se possa sentir seguro, compreendido e ajudado na procura de outras opções ou soluções para as suas dificuldades.


domingo

Ansiedade Social

Muitas vezes considerados apenas tímidos demais, os indivíduos com Ansiedade Social (ou Fobia Social) têm suas vidas cheias de condições paralisantes e limitadores que os impedem de serem plenos. 

Ansiedade Social é o receio de que em situações sociais e de relação com outras pessoas possam surgir sentimentos de julgamento, avaliação ou critica negativa por parte dos outros. 

Colocando de outra forma, ansiedade social é o medo e a ansiedade de ser julgado e de causar uma impressão negativa nos outros. Este medo conduz a sentimentos de inadequação, embaraço, humilhação e depressão. Se habitualmente uma pessoa fica ansiosa em situações sociais, mas está bem quando sozinha, então pode estar com um problema de ansiedade social.

A ansiedade social é um problema de ansiedade que é muito mais comum do que habitualmente as pessoas acreditam. Milhões de pessoas em todo o mundo sofrem todos os dias as consequências deste problema devastador e traumático, seja devido à ansiedade perante uma situação social específica, seja perante uma situação de desempenho ou seja perante múltiplas e generalizadas situações sociais.

Quando as situações de relação social são muito específicas, as pessoas facilmente identificam a dificuldade, tornando-se mais claro a sua resolução. Um tipo de ansiedade social específica é o receio de falar na presença de outras pessoas, por exemplo em reuniões de trabalho ou familiares, em jantares ou almoços, em esperar para ser atendido nas filas, entre muitas outras.

Quando a ansiedade é mais generalizada, torna-se muito difícil para as pessoas identificarem as causas que lhes provocam ansiedade, o que gera mais confusão perante a resolução da dificuldade. Na maioria das vezes, só passados anos de evitamento e fuga de situações, é que se entende que este problema de ansiedade não passa com o tempo e não passa com o evitamento. Não se trata de um problema de fraqueza pessoal. É necessário tomar consciência sobre como a ansiedade social funciona, o que leva a pessoa a pensar e a sentir, e o que a obriga a fazer.

O controle que as pessoas precisam vem com esta tomada de consciência e com a alteração de uma forma de se verem a si mesmos e à relação com os outros. Na grande maioria das vezes este trabalho de mudança só pode ser feito em psicoterapia, onde terá um espaço de crescimento e aprendizado para mudar formas habituais de pensar, sentir e agir, que foram erroneamente moldadas durante anos através de más experiências. 

Pânico e Agorafobia

O transtorno de pânico caracteriza-se pela presença de ataques súbitos de ansiedade, acompanhados por sintomas físicos e afetivos e pelo medo de ter um novo ataque.  É também comum a evitação de locais ou situações nas quais já ocorreram os ataques de pânico.

Há  ansiedade associada a uma perturbação classificada como antecipatória, já que se baseia no medo de se sentir mal e não poder chegar a um hospital ou obter socorro com facilidade. É comum o medo ou até a sensação de que vai morrer.

Agorafobia é um transtorno de ansiedade muito comum nos quadros de síndrome do pânico e refere-se ao medo de andar nas ruas, dificuldade de sair sozinho de casa, dificuldade de ir a certos lugares como mercados ou cinema pois sente forte apreensão dificil de compreender e muitas vezes surge a necessidade de ter alguém ao lado para lhe dar segurança.

O agorafóbico sente ansiedade de estar em locais ou situações em que a saída seja difícil, como por exemplo, multidões,  um supermercado muito grande ou um local onde o auxilio possa não estar disponível - mesmo que não haja previsão de necessitar este auxilio.

Na agorafobia e na síndrome de pânico, a pessoa sente “medo de ter medo”. A ansiedade de sair de casa e ter uma crise a impede de se expor a situações fora de casa, por isso o comportamento mais comum na agorafobia é a evitação, a esquiva, a fuga de situações fora de sua zona de conforto – normalmente sua casa. Logo, quando não tratado esse quadro pode levar a limitações em todos os aspectos da vida.

A Terapia Cognitivo-comportamental tem sido considerada uma alternativa terapêutica com boa resposta. As técnicas são utilizadas para corrigir os medos condicionados das sensações corporais, as interpretações e crenças distorcidas e, sobretudo, a agorafobia, que ocorre na maioria dos portadores e representa uma das complicações que com maior frequência é responsável por sua incapacitação.